sexta-feira, 19 de agosto de 2011

E se Fez!


Bastou somente um sussurro. Não é característico dela se comunicar de outra forma. Um simples sussurro. Uma palavra que talvez nem tenha sido audível aos ouvidos humanos. Uma palavra dita não apenas por lábios. Um som, talvez o mais doce e sublime de todos, que saiu do recanto mais íntimo de um puro coração e chegou direto aos ouvidos do Pai. Um murmúrio que ressoa até hoje! Uma palavra que tornou tudo possível... bastou uma palavra... e se fez!

Palavra dita por uma mulher humilde. Parte fundamental do que nos faz existir, e do que nos mantém vivos; mas que opta por estar sempre em silêncio. Opta por ficar em seu lugar olhando por aqueles que nem se lembram de sua existência. Olhando por aqueles que não reconhecem a importância do seu sim.

Uma mulher obediente. Que se abandonou sem medo nas mãos do seu Senhor. Que se deixou conduzir pela vontade do Pai, sem se importar com o que poderia lhe acontecer. Que não teve medo de renunciar a si mesma em nome do amor maior. Em nome do único amor verdadeiro.

Uma mulher forte. Que enfrentou, de pé, todas as dores que uma mulher pode enfrentar. Dores de alma. Dores de coração. Que viu um Deus gerado em seu ventre ser morto da forma mais cruel. Viu seu filho morrer pela salvação daqueles que o torturavam. Alma transpassada por uma espada de dores.

Bendita entre todas. Escolhida para trazer ao mundo a concretização da promessa de amor. Mãe do próprio amor! Senhora que não se cansa de pedir por cada um dos que tem como filhos. Mãe que ama incondicionalmente todos os seus filhos pela simples razão de serem seus filhos. Rainha. Presente dado por Deus a humanidade.

Doce mãe que caminha silenciosamente ao lado de seus filhos, protegendo dos perigos e armadilhas, esmagando os insetos. Senhora sutilmente presente em todos os momentos, em todos os instantes. Presença que prefere passar por ausência.

O mais perfeito elo entre Deus e a humanidade. Primeira a receber e a refletir a luz do Santo Espírito. Mãe, que não nos deu a vida, mas é fundamental para que vivamos! Presença que aquece e cuida, guarda e protege! Mãe Imaculada! Senhora de nossas vidas, Nossa Senhora!

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Conotação


Sempre gostei de metáforas. Acho interessante a ideia de “personificar” as coisas e de “coisificar” as pessoas. Acredito que comparações nos permitem enxergar tudo com novos olhos, nos oferecendo novas maneiras de entendimento.

Olhar para si com os olhos de outro, do mesmo modo que olhar para o outro como se estivesse olhando para si me parece muito saudável. Ensina, e muito! Mas temos “travas” que muitas vezes nos impedem de pensarmos que agimos como alguém que está por perto. Gostamos de reprovar o outro sem chances de “recuperação”, e muitas vezes, reprovamos sem percebermos que naquela “disciplina” também estamos com as notas muito baixas.

No meu entender, a “coisificação”, a substituição dos papéis, a inversão das coisas... enfim a “metaforização” é uma ferramenta que ajuda a quebrar estas “travas”.

Por exemplo, cada pessoa carrega em si uma porção de coisas não é? Lembranças, memórias, sentimentos, mágoas... o tempo passa, e vamos acumulando mais e mais situações... desprezando algumas, guardando outras... enfim, vamos partir deste pressuposto: cada um carrega em si uma bagagem.

E partindo deste ponto, onde enxergamos cada um com um monte de coisas para guardar, vamos tentar nos percebermos como caixas. Pode ser? Isso, caixas. Aquelas que usamos para guardar as nossas “quinquilharias”. Mas, como seres humanos que somos, não podemos nos imaginar como um depósito cheio de caixas iguais empilhadas... Cada um é cada um, logo, cada caixa é uma caixa.

Algumas são maiores, carregam mais coisas, a maioria delas desnecessárias. Objetos quebrados, que não tem mais concerto e que já podiam ter sido jogados no lixo, mas a caixa prefere guardar. Essas são pesadas, cheias demais... e sempre que alguém tenta “carregar” acaba derrubando alguma coisa. Quebra o que já estava quebrado, ou quebra algo que ainda podia ser útil, mas se perdeu pelo excesso.

Há também as caixas pequenas. Que só guardam o essencial. Essas podem ser carregadas com mais facilidade, mas como o espaço livre para guardar novas coisas é bem reduzido, muitas pessoas têm medo deste espaço não ser suficiente para armazenar tudo o que pretendem. Têm também aquelas caixas de tamanho médio. Não tão leves como as pequenas, mas com bem menos peso que as grandes.

As caixas variam não só quanto ao tamanho. As formas são variadas, assim como as cores. Algumas são escuras, opacas... não dá pra ver nada que tem guardado lá dentro. Enxergamos só algumas pontinhas que aparecem por cima. Outras, porém, são translúcidas, mostram grande parte do seu conteúdo de longe, só não conseguimos ver o que é ocultado pelo que fica mais exposto.

Puxa como tem caixa! São tantos os tipos. Como já disse, cada caixa é uma caixa, seria impossível descrever todas as modalidades. Mas dentre as “categorias gerais”, a gente pode ficar imaginando mais ou menos como somos enquanto caixa. O que estamos guardando de desnecessário, o quanto estamos pesando, quanto de nosso conteúdo está exposto... e podemos observar também aquelas caixas que ficam guardadas próximas de nós!

Percebeu como é mais fácil se entender, e tentar entender os iguais, quando não nos vemos somente no sentido literal!? Vamos conotar um pouco mais a vida!

No sentido literal ou figurado, algo que deve ser lembrado é que devemos manter em nossa caixa o que consideramos preciso. O que pode parecer pesado ou inútil para o outro pode ser necessário para mim. Também devemos deixar à vista aquilo que acreditamos dever. Se a caixa vai causar encanto ou repulsa no primeiro olhar, vai depender do olho de quem vê. Olho esse, que não compete a nossa responsabilidade... ele fica guardado em outra caixa.

Somos um amontoado de coisas... o que esse amontoado forma não pode ser descrito nem pelo próprio amontoado. Mas cada um sabe mais ou menos o que carrega, e porque carrega.

E acredito que é por aí que devemos ir. Tentando entender o que há em nossa própria caixa. Tem tanta coisa em nós mesmos para tentarmos desvendar! Por que quebrar a cabeça supondo o conteúdo das outras caixinhas?

E a “caixinha” deste texto carrega um grande amontoado de letras. Mas a metáfora me agradou, e achei que para esta caixa, essas eram as palavras necessárias, ainda que possam parecer muitas.

Precisamos aprender a carregar o que nos faz bem. Assim como devemos nos banhar para nos sentirmos limpos, não pelo cheiro que os outros vão sentir ao se aproximar. Sejamos quem somos por nos gostarmos assim, não pelo peso que nossa caixa vai “aparentar” aos demais.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Não contavam com a “nossa” astúcia!


Crescemos acostumados com as imagens de super-heróis invencíveis. Fortes e indestrutíveis, sempre com um truque que surpreende o adversário e o extermina com um simples sopro. Heróis que têm vilões só para eles, vilões que tem por meta única destruí-los. Mas, por mais que tentem, esses antagonistas jamais conseguem se quer machucar os “intocáveis” super’s. Mas com tantos heróis fortes e corajosos, por que será que escolhemos gostar mais do único “fraco” e medroso?

Entre tantos fortes, apenas um se mostra “fraco” e assim se configura como o único forte de fato. É muito fácil enfrentar os inimigos quando se tem “super força”. Mas enfrentar o próprio medo (que é na verdade o maior inimigo), só um entre todos os dos quadrinhos foi capaz de enfrentar. Claro que esse “enfretamento” não ocorre com facilidade, e é preciso exclamar por muitas vezes “eu vou” até que uma pequena centelha de coragem surja e nos impulsione a ir de fato.

Isso, terceira pessoa. Ao tratar do “polegar vermelho” esta é a forma verbal mais adequada.

Nunca conseguiremos voar para parar um cometa. Nem tampouco saltar entre prédios e arranha-céus capturando bandidos. Mas olhe para a sua vida, e perceba quantas vezes você precisou encolher, ficar menor do que já é para resolver um problema. Tudo bem que também não tomamos as “pílulas de nanicolina” (infelizmente), mas ainda assim, é metáfora é válida.

Também não portamos a “buzina paralisadora”, mas por muitas vezes já precisamos parar tudo, sentar e observar a situação de um modo mais tranqüilo para poder encontrar uma solução adequada!

E a “marreta biônica”? Ahh... essa todos temos! Claro que não é comum encontramos na rua alguém carregando um martelo gigante amarelo e vermelho (até porque daria muito na vista). Mas, todos portamos uma marreta biônica, acredite!

Cada um sabe onde guarda a sua. Quais cores ela tem, e qual o seu tamanho. Não podemos vê-las, nem carregá-las, mas o que importa, é que cada um sabe que aquela força “biônica” está ali, guardadinha naquele lugar que só ele sabe, para quando for necessário.

Não nos deixamos abater por qualquer “criptonita”. Não precisamos voar sobre arranha-céus para escapar dos nossos vilões. Não é necessário visão de raio laser para enxergarmos o que precisamos, nem muito menos de uma identidade secreta para nos escondermos do mundo.

O que faz um verdadeiro super-herói é a disposição de fazer o que pode ser feito naquele momento, com medo ou sem medo. É perceber que de algum modo a sua astúcia contribuiu de alguma maneira para que o pânico não fosse criado, e para que todos os movimentos fossem friamente calculados. Mesmo atrapalhado, medroso e não muito inteligente, sempre que precisar gritar “e agora quem poderá me defender?” olhe para si e exclame em seguida: “ainda bem que você está sempre aqui Chapolin Colorado”.