segunda-feira, 4 de novembro de 2013

it's about be free.



Meu nome é João Henrique, tenho 24 anos (pelo menos até a próxima sexta-feira), sou jornalista/ publicitário e tenho gastrite!

Pois é! Estranho começar um texto “auto-descritivo” destacando uma gastrite. Isso soa estranho porque a gastrite faz parte de mim, mas não me define de modo algum, assim como uma série de outras características minhas.

O que me define é um todo. Um todo de características, sentimentos, peculiaridades... Sozinhas todas não são mais que isso, características e ponto! Quem eu sou não está no modo que eu falo, no modo que me visto, ou no fato de o meu estômago inflamar com facilidade. Rótulos separam. Pessoas foram feitas para viver juntas.

O tempo, com a calma e paciência que só ele sabe ter, tem me mostrado muitas coisas que antes enxergava como complexas de um modo muito simples... Aos poucos, tenho aprendido que o processo de viver não vai muito além de inspirar, expirar e sentir. Qualquer coisa acrescida a isso é enfeite. Podemos dispensar.

“Viver” precisa ser simples. Isso é sobre ser livre. Livre para escolher o sabor do seu sorvete. Livre para escolher a cadeira em que se quer sentar. Livre para ser quem se é. Para fazer o que se quer. Para ser de verdade.

Uma das poucas verdades que esse mundo tem (se não a única), é que para se viver de verdade é preciso viver a verdade. O mundo mente demais pra gente. Se nós não formos sinceros com nós mesmos, quem há de ser? E afinal, também não se pode descartar que só se pode ser sincero com o outro quando se é antes sincero consigo.

Ser livre é entender quem se é e o que se quer. É não ter medo de expor sua opinião... ao menos eu penso assim... e se você não concorda... bem... I don’t care! Você é livre para discordar, assim como eu também sou!

Life's too short to even care at all! E o tempo que temos é muito curto para desperdiçá-lo com o que nos aprisiona. Meu nome é João Henrique. Tenho 24 anos. Eu tenho gastrite... Mas tomo coca-cola!

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

.peregrino.



Sempre gostei de caminhar. Os pensamentos que brotam em minha mente durante as caminhadas costumam me fazer bem. Quando possível, escolho os caminhos mais longos, unicamente para que a caminhada possa ser mais extensa. Gosto mais ainda quando posso andar com o pé direto no chão, sem nenhum calçado para atrapalhar meu contato com a terra.

Manter os pés no chão sempre foi algo muito meu. Lembro que por muitas vezes quando pequeno as pessoas se admiravam ao me ver descalço no solo quente. Meus pés nunca temeram o calor da terra, e aprenderam a suportar terrenos acidentados.

Acredito que o que me dá esse gosto por caminhar é sentir que, caminhando, eu percebo melhor que sempre sentirei o desejo de chegar a algum lugar; a um lugar distante.

Caminhando, eu compreendo que não sou daqui, e até o momento da partida, tudo o que me acontecer não passará de uma longa caminhada, de uma peregrinação. Pela definição no dicionário, isso faz de mim um peregrino; “aquele que anda em peregrinação.”

Mas na complexidade da língua portuguesa as palavras nunca possuem uma só definição. Também se diz do peregrino um “estrangeiro”, um “viajante”; ou ainda, alguém “que está nesta vida para passar à eterna”; alguém “singular, que é poucas vezes visto”.

E atentando para as demais definições da palavra, percebo/ sinto que nada pode me definir melhor do que peregrino. Não somente pelos caminhos que meus pés procuram, mas também e principalmente pelos caminhos que minha alma percorre. O gostar de caminhar é somente um reflexo, uma resposta de um corpo que procura um lar, por sentir que sua morada não é neste lugar.

E isso a gente sente quando está com os pés no chão, ou simplesmente quando está no chão. Isso a gente sabe só porque sabe, e não consegue explicar. O ser peregrino está só no sentir. No aperto de um abraço, na pequena lágrima que escorre no rosto, nas mãos que se unem em oração, ou no pensamento, que mesmo na distância, coloca você em unidade com os anjos.

A gente sabe quando é peregrino e não precisa ninguém te dizer; até porque alguém muito especial te diz isso todos os dias, no silêncio do seu coração.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

.Porta.


Hoje fechei uma porta que nunca mais vou abrir. É estranho deixar um lugar que por algum tempo me acolheu. É estranho entregar nas mãos de outro uma chave que por muito tempo eu levava a todos os lugares. O lugar não é mais “meu”, e de fato, “meu” nunca foi, mas é estranho passar pelos corredores e não estar mais ali. Não é mau, mas é estranho.

Quando mudamos é porque algo estava errado, algo não estava mais cômodo. E tinha tempo que eu queria mudar, deixar aquele local. Mas como mudar dá trabalho, ficávamos no mesmo canto, eu e o meu comodismo. Era muito mais fácil tomar posse do “assim está bom” e ficar, sem carregar tantos pesos para outro lugar.

Mas depois do esforço e do estresse inicial, vem a leveza e a tranqüilidade de novos ares. Os acúmulos desnecessários deixados para traz nos trazem um conforto que sentimos, mas não entendemos. A gente sente que foi e o que não precisava ir junto ficou no caminho, e isso é bom.

Hoje acordei com um céu bem azul e um sol bem forte desde cedo refletindo em meu rosto, antes, eu não tinha essa possibilidade de contemplar o céu ainda da cama. E isso, foi o novo que me proporcionou.

Hoje, fechei uma porta que nunca mais vou abrir. Talvez um dia essa porta até se abra para mim, mas a chave não está mais comigo. Da próxima vez que a porta for aberta, não será mais para mim, eu não estarei lá para entrar.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Só.


Quando se passa muito tempo sozinho, naturalmente passa-se também a se conhecer melhor. Na ausência de alguém para conversar, surgem as conversas consigo mesmo, e a partir daí, descobrem-se coisas sobre si que antes não eram conhecidas.

O período que se fica “só” é um período de muito aprendizado. No silêncio e nas ausências, o que se tem passa a ser mais valorizado. O que antes poderia representar pouco, aos poucos vai representando bem mais. Aprende-se o que de fato é importante e o que não é, e também, o que merece ou não ter importância.

Nessas mesmas ausências, aprende-se a fazer barulho no silêncio, o que não é muito legal. Os barulhos do silêncio costumam ser difíceis de calar.

Nas “auto-conversas”, surgem os “auto-entendimentos”, onde em um processo natural de conhecer, aos poucos se chega ao compreender. Mas surgem também os “auto-desentendimentos”; conversando muito consigo mesmo percebe-se que não se é só um, e no decorrer das conversas, os atritos de suas personalidades tornam-se inevitáveis.

Em suma, os períodos em que se fica sozinho são períodos de crescimento e de amadurecimento. E são necessários. É preciso se conhecer bem para se ser bem. Mas tais períodos também são perigosos.

Indo totalmente de encontro à impessoalidade do texto até agora, e colocando o sujeito em primeira pessoa, tenho meus conceitos e minha fé, e acredito que de fato, homem nenhum fica totalmente sozinho por um segundo que seja.

Mas, venhamos e convenhamos, deixando de lado todas as frases bonitinhas e de auto-ajuda, mesmo com todas as companhias muito especiais que temos constantemente, às vezes ouvir um barulho de outra pessoa faz falta. Faz falta dividir o espaço nem que seja para compartilhar oxigênio.

Um riso sozinho não tem 10% da energia de um riso dividido, e, quando se ri muito sozinho, as coisas correm o risco de perder a graça. Quando nos conhecemos bem, percebemos que não somos totalmente inteiros e, nossos complementos moram fora de nós.

A palavra sente falta de ser falada. A voz sente falta de ser ouvida. Um riso sente falta de ser dois. Os assuntos para se discutir sozinho não são mais vastos. E os “eus” passam a ter mais desentendimentos. E o silêncio, grita! Mas hoje só tem você aqui...

E, como você percebe que é sua única companhia física, vai aprendendo a dar mais atenção as companhias que não se veem. E passa a procurá-las em cada recantinho, numa tentativa (algumas vezes frustrada) de não se sentir só.

Aí a gente aprende que sim, fazem falta os abraços no corpo, mas enquanto esses não chegam, é preciso saber aproveitar os abraços da alma.