sexta-feira, 27 de janeiro de 2012
Psiiiiiiiu!
Enquanto alguns não perdem nenhum segundo de concentração, outros cochilam sobre os seus livros e anotações. Alguns mexem em seus papéis com cuidado para não fazer barulho, outros, desastradamente, quebram o silêncio de modo brusco, arrastando cadeiras ou com toques estridentes de telefones.
As mãos, todas inquietas, apóiam as faces, se apertam e/ou se aquecem. Escrevem, anotam, colorem textos com riscos de lápis fluorescentes, ou ainda, esticam os braços como uma tentativa de arrancar disposição de onde já não há.
Vez ou outra, alguns olhares curiosos, que tentam descobrir o tema dos estudos do vizinho, se cruzam com outros olhares também curiosos, e, ambos se convertem em olhares tímidos, que logo buscam refúgio nas letras miúdas que precisam ler e compreender.
Olhos cansados se esforçam quando já sentem que não conseguem mais. Olhos exaustos desistem, e arrastam corpos igualmente exaustos para o lado de fora, aquele lugar onde se pode falar.
Porém, as cadeiras mudas ficam sozinhas por pouco tempo. Logo são ocupadas por outros que precisam partilhar do silêncio, ouvir estalar de dedos, canetas sendo abertas, riscos de lápis, espirros discretos e folhas que se movem lentamente, tentando levar um pouco do silêncio para aquele mundo onde se pode falar.
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