
Tem dias que me sinto como o Chaves; sozinho em meu barril. Sinto-me apertado dentro de um mundinho pequeno; um mundinho que de certa forma até me projete, mas ao mesmo tempo me impede de ver o que está ao meu redor.
Nesses dias eu fico pensando que “ninguém tem paciência comigo”, mas ao mesmo tempo também me pergunto, será que eu estou sendo paciente o suficiente? Ou o meu egoísmo não está me deixando perceber que por mais que eu grite “maamãaaaae” as coisas não vão acontecer do meu jeito?
Sinto-me sufocado, sem ter para onde fugir. Sinto-me escondido e ao mesmo tempo exposto, penso que o que me preocupa é o maior de todos os problemas do mundo, e é aí que olho para os quatro cantos e grito “Oh! E agora? Quem poderá me defender!?”
No barril, uma das maiores dúvidas que surgem é se devo ou não “me misturar com essa gentalha” que habita a vila lá fora. Mas também penso, será que eu também já não sou “gentalha”?
Muitas coisas vêm em minha mente, penso em tudo e em todos... penso no que poderia ter feito ontem, ou no que farei amanhã, mil assuntos circulam ao mesmo tempo em minhas ideias até que não agüento e grito pra mim mesmo “cale-se, cale-se se não você me deixa louco!”.
O que me conforta é que ao que tudo indica, (in)felizmente portar a síndrome de “Chavo del 8” não é um privilegio somente meu. Quem nunca levou um esporro do nada e ficou sem entender? Podendo dizer apenas “ora, mas não se irrite!”.
Fazer o que né? O ambiente na vizinhança às vezes é muito hostil, e precisamos do barril para nos esconder por alguns momentos. De lá, não vemos os brinquedos novos daqueles que tentam nos humilhar... e é lá que podemos esperar por eles para mostrá-los que também somos fortes e, se quisermos, somos capazes de estourar os seus balões.
Se bem que, estourar o balão nem sempre é a melhor solução, sabemos que “a vingança nunca é plena, mata a alma e a envenena” e sabemos ainda que “as pessoas boas devem amar os seus inimigos”... é só decifrar qual o tempo certo de se esconder no barril e o tempo de caminhar pela vila... e as angústias e preocupações vão diminuindo... e é claro, não podemos nos esquecer que quando as coisas apertarem, ainda temos a possibilidade de passear pelo outro pátio...
È... quando crescemos somos obrigados a aprender que não adianta “contar tudo para a sua mãe”, as dificuldades vêm, e temos que saber conviver com elas. Todos passamos por isso, ou vai me dizer que “a sua vovozinha” nunca teve problemas? O certo é que não adianta se estressar! Quando você não conseguir ir a “Acapulco” é melhor se sentar “para evitar a fadiga”.